Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o paciente está mais exposto ao risco de infecção. É constatado um aumento de cinco a dez vezes nas chances de contrair infecção. A saúde bucal faz parte da saúde integral do paciente.
Os pacientes hospitalizados portadores de afecções sistêmicas, muitas vezes, se encontram totalmente dependentes de cuidados, portanto, impossibilitados de manter uma higienização bucal adequada, necessitando do suporte de profissionais da saúde, para esta e outros tipos de tarefas.
A literatura tem demonstrado a influência da condição bucal na evolução do quadro dos pacientes, as bactérias presentes na boca podem ser aspiradas e causar pneumonias de aspiração. A pneumonia é uma infecção debilitante, em especial, no paciente idoso e imunocomprometido.
A necessidade de tratamento intensivo em pacientes oncológicos tem aumentado. A própria neoplasia pode ocasionar complicações clínicas, com risco imediato de vida, como na síndrome da lise tumoral espontânea ou a compressão tumoral, que pode causar insuficiência respiratória, renal ou obstrução intestinal, levando o paciente à internação em UTI.
Uma das mais importantes complicações, durante internação em unidades de terapia intensiva (UTIs), é a pneumonia hospitalar, também denominada pneumonia nosocomial, que, segundo o Ministério da Saúde, é qualquer infecção adquirida após hospitalização do paciente. A pneumonia nosocomial representa uma das infecções mais frequentes, tendo sido foco de grande preocupação dos profissionais de saúde e dos órgãos públicos, perdendo, somente, para a infecção urinária.
Atualmente, tem apresentado grande impacto público, pelo fato dessas infecções ocasionarem altas taxas de morbidade e mortalidade, podendo atingir até 80% dos pacientes, além de provocar impacto expressivo nos custos hospitalares. Podendo atuar como fator secundário complicador, prorrogando, em média, de 7 a 9 dias a hospitalização. Se o paciente intubado não receber higiene bucal eficaz, o tártaro dentário, formado por depósitos sólidos de bactérias, se estabelece dentro de 72 horas.
Apesar da importância dos cuidados com higiene oral, em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estudos e revisões sistemáticas mostram que esta prática ainda é escassa. A presença da placa bacteriana na boca, pode influenciar as terapêuticas médicas, devido aos fatores de virulência dos micro-organismos que nela se encontram, os quais podem ser agravados pela presença de outras alterações bucais, como a doença periodontal, cáries, necrose pulpar, lesões em mucosas, dentes fraturados ou infectados, traumas provocados por próteses fixas ou móveis, que podem trazer para o paciente repercussões na sua condição sistêmica.
Para estas condições serem adequadamente tratadas, faz-se necessário a presença de um cirurgião-dentista, em âmbito hospitalar, como suporte no diagnóstico das alterações bucais e na equipe da terapêutica médica. Seja na atuação em procedimentos emergenciais, frente aos traumas, em procedimentos preventivos, quanto ao agravamento da condição sistêmica ou o surgimento de uma infecção hospitalar, com procedimentos curativos e restauradores na adequação do meio bucal e maior conforto ao paciente.
Segundo o artigo 18 do Código de Ética Odontológico (4), capitulo IX, que trata da Odontologia Hospitalar, “compete ao cirurgião-dentista internar e assistir pacientes em hospitais públicos e privados, com e sem caráter filantrópico, respeitadas as normas técnico-administrativas das instituições”. No artigo 19, dispõe-se que as atividades odontológicas, exercidas em hospitais, obedecerão às normas do Conselho Federal e o artigo 20 estabelece constituir infração ética, mesmo em ambiente hospitalar, executar intervenção cirúrgica fora do âmbito da Odontologia.
A avaliação da condição bucal e necessidade de tratamento odontológico, em pacientes hospitalizados, exigem o acompanhamento por um cirurgião-dentista habilitado em Odontologia Hospitalar. Sabe-se que os cuidados bucais, quando realizados adequadamente, reduzem muito o aparecimento de pneumonia associada ao uso de ventilação artificial, nos pacientes em UTI. A participação da Odontologia na equipe multidisciplinar de saúde, como acontece na Casa Durval Paiva, é de fundamental importância para a terapêutica e a qualidade de vida dos pacientes hospitalizados.
*É Dentista da Casa Durval Paiva – CRO/RN 1784
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