Governo Bolsonaro tinha potiguar à frente de órgão responsável pela atenção primária à saúde de indígenas


23/01/2023
Governo Bolsonaro tinha potiguar à frente de órgão responsável pela atenção primária à saúde de indígenas

As imagens da tragédia causada pela desassistência sanitária ao povo Yanomami, no estado de Roraima, chocaram o país. No dia 20 de janeiro, o Ministério da Saúde decretou emergência pública no local e o Ministério da Justiça determinou a abertura de inquérito na Polícia Federal para investigar crimes ambientais e de genocídio nas terras indígenas. O presidente Lula visitou o território.

Uma das pessoas que podem ser investigadas é a dentista potiguar Midya Hemilly Gurgel de Souza Targino, diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) no Ministério da Saúde de julho a dezembro de 2022 por indicação do deputado federal João Maia (PL), que é casado com a prefeita de Messias Targino, Shirley Targino, tia do ex-marido de Midya, Marcelo.

A última agenda oficial da potiguar é do dia 14 de dezembro, mês em que foi exonerada. Em novembro de 2022, Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF) deflagraram a Operação Yoasi, contra fraude na compra de remédios destinados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), em Boa Vista. As investigações apontam que o esquema deixou pelo menos 10 mil crianças indígenas sem medicamentos.

Segundo um levantamento realizado pela revista Sumaúma, 570 crianças yanomamis com menos de 5 anos morreram por causas evitáveis durante o governo Bolsonaro.

A Secretaria Especial de Saúde Indígena foi criada em 2010, final do segundo mandato de Lula, como um órgão responsável unicamente pela saúde dessa população, com responsabilidades tanto pela gestão como pela execução das ações e programas de saúde.

O Departamento comandado pela dentista é “responsável pela condução das atividades de atenção integral à saúde dos povos indígenas, por meio da atenção básica, da educação em saúde e da articulação interfederativa, ou seja, articulação com os demais gestores do SUS para provimento das ações complementares e especializadas”, descreve o Ministério.

Sobre Midya

Também foram as relações com João Maia que levaram a jovem recém-formada na época a assumir o cargo de coordenadora-geral de fortalecimento da gestão dos instrumentos de planejamento do SUS, na Secretária Executiva do Ministério da Saúde e depois a superintendência do Ministério da Saúde no Rio Grande do Norte, em 2018, onde ficou até 2020. Antes disso, foi secretária de Saúde de Messias Targino.

O currículo de Midya Gurgel descreve que concluiu a Graduação em Odontologia, pela Universidade Potiguar (UNP), fez pós-graduações em harmonização orofacial e em gestão em Saúde Pública. Segundo ela, atuou no SUS na Estratégia Saúde da Família nos municípios de Patu e Messias Targino/RN.

 

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